quinta-feira, 28 de maio de 2009

Lisboa em Prosa (1)


Referindo-se à Lisboa de 1500:

“Era a Lisboa ardente e sequiosa, de escassos chafarizes, à beira dos quais o povo e os escravos brigavam pela vez; dos açacais com seu asno e os quatro cântaros engradados, apregoando a água pelas calçadas íngremes; e das mocinhas negras, quase nuas, que a transportavam e serviam com as airosas quartas. Era a Lisboa honrada e mosteirosa dos mesteres esquecidos – atafoneiros, regatões, gibeteiros, esparaveleiros e desses escrivães do Pelourinho Velho, que, abancados às mesas, redigiam, ao sabor dos fregueses, cartas de amor, requerimentos, versos, discursos, epitáfios - , “coisa que em parte alguma das cidades da Europa eu vi jamais”, diria o viajado Damião de Góis.
Era a Lisboa policroma dos faustosos mercadores de toda a Europa, entre os quais predominavam os elegantes florentinos, reluzente das armas cavaleiras e negrejante de hábitos monásticos; e ainda a Lisboa dos moiros – alvanéis, azulejadores e ceramistas – que nas tardes de festa bailava e ondulava aljubas alvas, ao som dos alaúdes e pandeiros”.


Jaime Cortesão

domingo, 24 de maio de 2009

Ilusões...


Voz do Povo…

Mas se eu fosse turista e lê-se estas duas mensagens, pensaria estar num paraíso ecológico onde a tranquilidade sonora reina, num “oásis” de harmonia de um deserto caótico de confusão e ruído, numa cidade que quer preservar, a todo o custo, a sua habitual paz.

Concluiria rapidamente que estava enganado.


terça-feira, 19 de maio de 2009

Instantâneos (12)


Envolvidos e cercados por uma generalizada ignorância da Língua Portuguesa, bem patente na juventude, mas também em recém-licenciados e não só… já não nos admiramos que empresas públicas, como a Carris, contribuam para este calamitoso e deplorável desfile de alegre e inconsciente atentado contra a Cultura de um povo.

A grande pintora portuguesa não merecia tal tratamento.
Nem nós.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Azulejo e Alumínio...


Sempre admirei este palacete da Rua do Possolo, pelos azulejos que ostenta, e que são da Fábrica do Rato.
É um dos mais bonitos edifícios de Lisboa.
Nele se instalaram duas embaixadas, boa notícia que garante que a ruína não será o destino cruel do imóvel, como infelizmente aconteceu a muitos dos seus congéneres…
Só que…nas obras de restauro e conservação do palacete, os responsáveis diplomáticos não encontraram melhor solução que janelas de alumínio….
E o lisboeta que passa e olha, questiona se não teria sido possível contratar a um carpinteiro, cópias das janelas originais, mas em madeira.
Teria sido uma questão de bom gosto e bom senso…

(A fotografia mais antiga é do “Arquivo Fotográfico Municipal”)

sábado, 9 de maio de 2009

Instantâneos (11)


“Mudam-se os tempos….”
Quando eu era petiz, os amoladores palmilhavam as ruas, soprando a gaita-de-beiços, empurrando a roda que fazia andar o carrinho de madeira, com um ou outro guarda-chuva pendurado, à espera de reparação. E tesouras. E facas.
Como muitos dos vendedores ambulantes de então, desapareceram.
Mas há quem resista…se "modernize"….se perpetue.
É tosco, mas achei irresistível.
Oxalá dure muitos anos.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Instantâneos (10)


Quem disse que de pedras não nascem arbustos?
O próprio candeeiro parece surpreendido pela vegetal companhia.
E o péssimo estado de conservação do muro, contribui para o insólito.


Campo de Santa Clara.