quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Bom 2010 !


Não basta olhar para o passado... mas é essencial não o omitir.

Desejo a todos um bom 2010 !

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

sábado, 19 de dezembro de 2009

Lisboa em Prosa (8)


“…Buzina-se (e sobre isso já alguma coisa se tem escrito) logo que o sinal verde se acende. É o microcosmo do ódio negro. A superpressa. Apita-se, para passar de qualquer modo, quando o frenesim pica o condutor. E crepitam, de parte a parte, os enxovalhos.
Um carro vai arrumar: buzina-se. Vai arrancar: à mesma o klaxon estrondeia. Nem civismo, nem educação, nem cordialidade. Um pobre (semipobre) de Cristo, que desemboca de uma rua lateral e enfrenta a torrente do trânsito, tenta a sua sorte por várias vezes: buzinam-lhe, como quem lhe escarra na face.
O egoísmo mais tosco campeia nas ruas abaladas de veículos.
Ora a buzina existe para alertar, mas em situações de perigo. Só para isso. Até para assustar peões ela é odiosa”.


Urbano Tavares Rodrigues

domingo, 13 de dezembro de 2009

Instantâneos (20)


Merecia.
Mas...sem comentários.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

domingo, 29 de novembro de 2009

Instantâneos (19)


Banco de jardim não é estendal para roupa.
Por razões óbvias.
E não é crível que alguém se dispa, de calças e de preconceitos, em pleno Parque Eduardo VII.

O cuidado com que a peça de vestuário foi exposta, indica que se trata de pessoa com esmero…

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Lisboa em Prosa (7)


“Lisboa crescera por cima das colinas, saltitando, talvez lembrada do seu tempo de mouros e guerras: do Castelo à Graça, da Graça à Penha de França, daí ao Alto do Pina e à Picheleira. Só mais tarde avançara pelo vale do que seria a Almirante Reis, da mesma forma que as Avenidas Novas só avançaram quando a implantação da república veio expandir a burguesia: não a burguesia industriosa; a burguesia de pequenos proprietários, senhorios urbanos, profissionais liberais, na profissão e na política, professores universitários.
Lisboa sempre teve esses dois tempos de crescimento: um crescimento popular que saltita sobre as colinas, um crescimento burguês que se espraia em avenidas planas, de fácil transporte.
Nesse avançar pelas colinas se teciam ainda os encantos literários do Eça, a Penha de França, João da Ega, no Alto do Pina e na Picheleira se vislumbrando os Olivais, Carlos da Maia”.


Maria Isabel Barreno

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Há 50 anos (6)


Cruzamento da Av. D.Carlos I com a Av. 24 de Julho.
Não é só do sinaleiro que temos saudades.
A aberração actual cria outras...

(Fotografia de 1959 retirada do Arquivo Fotográfico Municipal de Lisboa)

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Lisboa em Prosa (6)


“Depois de uma enfiada de ruas lôbregas aparecia um bocado de Tejo, passavam-se os arcos, as antigas portas, o lavadouro público encostado à muralha dos comboios e penetrava-se no coração do bairro. Triste e cheio de armazéns! O vinho, os panos e os tabacos faziam a riqueza de grandes industriais que não viviam nele. Dois mosteiros antigos, de uma imponência morta, despercebida, colocados a um extremo e outro da artéria irregular que atravessa toda aquela baixa, lembravam um estranho passado: tempos elegantes e piedosos, que os grandes entrepostos e fábricas do presente sepultavam sem sequer negar”.


Irene Lisboa

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Há 50 anos (5)




Largo de S.Miguel, em Alfama.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Instantâneos (18)



A Sé.
Suja.

Quem por lá passa, observa este espectáculo de abandono.
Ou incúria?

Multidões.
Diariamente.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Lisboa em Prosa (5)


“Mas senhores! Já não se vende peixe pelas ruas! Acabaram-se as varinas!”

Desapareceram, sumiram-se das ruelas de Lisboa, apesar de tão enaltecidas por gerações e gerações de jornalistas e até por grandes poetas. Estou a lembrar-me de um agora esquecido que se chamava Carlos Queiroz, e não hesitou em escrever, em quintilhas de improviso, um poema de circunstância que começava assim:

Ó varina, passa,
Passa tu primeiro!
Que és a flor da raça
A mais séria graça
Do país inteiro.

Quase ao mesmo tempo, eu chamava-lhes “sereias de sal”. E alguns anos antes, o Almada dizia, já não sei onde, que “elas traziam o mar nos aventais”.


José Gomes Ferreira

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

À antiga


Lembram-se dos prédios antigos, em que elevador era utopia, e que tinham, mal se entrava, a porta da porteira ou uma arrecadação?
Os corrimões eram gradeados, os degraus de madeira bem encerada, e o ferro que se via era quase sempre trabalhado.
Tempos em que havia esmero na construção.
E trabalho de artistas.


(Fotografia tirada na Rua de S.Julião)

domingo, 4 de outubro de 2009

Lisboa e os Poetas (16)


"HORAS DE SOL"

"Dia de sol! Manhã de sol! Hora de sol!
Manhã lavada, rútila, estival!
Passam varinas a cheirar a sal…
Dia de sol! Manhã de sol! Hora de sol!

Domingo claro, alegre, cristalino,
Como as notas metálicas dum sino,
Como um toque estridente de clarim…
O sol entra nas almas
Como o hálito quente dum jardim…
Andam pregões suspensos pela rua:
“Seis tostões o salamim,
quem quer azeitonas novas?”
E o eco prolongado continua:

“quem quer azeitonas novas?”

Eléctricos ligeiros e amarelos
mordem as calhas…
As rodas são martelos
Arrancando faíscas
Aos rails que parecem duas riscas
De prata nova sobre o chão cinzento…

Dafundo, Lumiar, Brazil-S.Bento…

Cada qual vai atrás do seu destino
através do ambiente campesino
que tem Lisboa num domingo assim…

Lá vai galgando aos poucos o Alecrim
um carro a transbordar de gente moça
que tem na pele um rebrilhar de louça.

Dois a dois, de mãos dadas e almas dadas,
vão merendar nas sombras das estradas…
Sendo tão desiguais e tão diversos
Cada par é uma rima destes versos.

Dia de sol! Manhã de sol! Hora de sol!
Dorme o Tejo debaixo dum lençol
De espinhaços, de côdeas, e de lascas…

-Oh, leva as folhas, leva as cascas! –

No cais, por entre as barcas
a chapinhar nas charcas
andam garotos a molhar os pés…
Lá vai um carro cheio para Algés!"

Fernanda de Castro


terça-feira, 29 de setembro de 2009

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Há 50 anos (4)


As Escadinhas são as mesmas, os azulejos do prédio à direita também, o candeeiro.
Mas é outra a vegetação, bem mais crescidinha, a ponto de tapar quase por completo a visão da célebre Igreja de Santo Estêvão, inspiração de um fado que Manuel de Almeida e Fernando Maurício cantaram como mais ninguém até hoje.
As árvores tapam a torre, o verde desordenado perturbou a visibilidade, daquele ângulo tão bem fotografado em 1959.
Recordei David Mourão-Ferreira:
“Nos bairros mais antigos há certos núcleos ainda preservados, certos recantos miraculosamente quase intactos, mas na sua maioria as ruas por onde passamos já não são as ruas por onde passámos”.
Exactamente.

(Foto a preto e branco do AFML)



sábado, 19 de setembro de 2009

terça-feira, 15 de setembro de 2009

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Lisboa e os Poetas (15)


"A Praça"

"A praça da Figueira de manhã,
Quando o dia é de sol (como acontece
Sempre em Lisboa), nunca em mim esquece,
Embora seja uma memória vã.

Há tanta coisa mais interessante
Que aquele lugar lógico e plebeu,
Mas amo aquilo, mesmo aqui ... Sei eu
Por que o amo? Não importa. Adiante ...

Isto de sensações só vale a pena
Se a gente se não põe a olhar para elas.
Nenhuma delas em mim serena...

De resto, nada em mim é certo e está
De acordo comigo próprio. As horas belas
São as dos outros ou as que não há. "


Álvaro de Campos

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Há 50 anos (3)




Os navios de grande porte deram lugar a pequenos veleiros ou rebocadores.
A ponte de então foi substituída por uma mais funcional.
O velho candeeiro desapareceu na voragem do tempo.
O paralelepípedo do asfalto deu a vez a puro alcatrão.

A Rocha de Conde de Óbidos é hoje ponto de passagem de turistas em cruzeiro.
De poucos mais.
Os lisboetas já não sentem vontade de a visitar, nem têm necessidade, porque ninguém viaja de barco.

Nota-se bem que passaram 50 anos.

(Foto do Arquivo Fotográfico Municipal de Lisboa)

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Limonadas


“Merendinha Bar”, junto ao tribunal da Boa Hora.
Testemunha dos tempos em que “Limonada” era atractiva e comercialmente rentável.
E os “refrescos”.
Quem pensa, hoje em dia, em limonadas e refrescos?
E alguém se lembrará dos “pirolitos”, antepassados dos “7 Up” actuais?

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Instantâneos (17)


Acho este "anúncio"...uma "delícia"...

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Rua do Alecrim


Em 1922, havia preocupação com o lixo na cidade...


(Revista ABC)

quinta-feira, 30 de julho de 2009

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Carrossel


De madeira são feitos.
Madeira hoje em desuso, que fez as delícias de gerações, através de carros, jogos, cavalos de baloiço.
Cavalos.
De carrossel, neste caso.
Sentávamo-nos neles imaginando percorrer longas pradarias, com “índios” sempre à espreita e prontos a atacar. As meninas talvez pensassem na Bela Adormecida e no príncipe dos seus sonhos. Para uns e outros, eram cavalos alados, nossos, seguros.
Hoje, em tempos de jogos electrónicos, quase espanta como sobreviveram, como resistem à marcha inexorável do tempo, destruidora de muito do encantamento com que crescemos.
Mas lá estão.
Americanizados herdeiros ricos de uns toscos parentes que sem subir ou descer enquanto rodavam, cumpriam a sua missão de 360 graus ronceiros e oleosos, círculo perfeito repetidamente executado.
Por vinte e cinco tostões.

(Jardim Zoológico. Julho 2009)

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Mais uma?





Quinta das Laranjeiras.
Em Sete Rios.

O estado de degradação é bem evidente.
O anúncio de que está à venda é motivo de preocupação.
Naquela zona da cidade, com a área que ocupa…face à vizinhança bem visível, é quase certo que aquele belo edifício dará lugar a modernos “caixotes”, envidraçados e incaracterísticos.
Lisboa perderá mais uma bela construção, devorada pelos interesses imobiliários, absolutamente alheios à palavra património.
Ou estarei enganado?
Oxalá!

segunda-feira, 20 de julho de 2009

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Lisboa em Prosa (4)


“Há vozes e cheiros a reconhecer – cheiros, pois então: o do peixe de sal e barrica nas lojas da Rua do Arsenal, não vamos mais longe; o da maresia a certas horas nas docas do Tejo; o do Verão nocturno dos ajardinados da Lapa; o dos armazéns de aprestos marítimos entre Santos e o Cais do Sodré; o do peixe a grelhar em fogareiro à porta dos tascos de recanto ou de travessa, desde o Bairro Alto a Carnide; há, no Inverno pelas ruas, o cheiro fumegante das castanhas a assar nos fogareiros dos vendedores ambulantes.”

José Cardoso Pires

segunda-feira, 13 de julho de 2009

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Instantâneos (15)



Escondidos em entradas de prédios, "tesouros" deste quilate passam despercebidos a quem não espreite portas semi-abertas. Mas, de quando em vez, são descobertos pela curiosidade e interesse de quem os procura.

Comércio que persiste em resistir à voragem do tempo, com dificuldades nítidas que se enfrentam com a coragem adquirida por décadas de existência, herança de avós que se respeita, restos de uma Lisboa típica e característica que alguns ainda tentam preservar.

Na Rua de S.Julião.

domingo, 5 de julho de 2009

Há 50 anos (2)



Quando comparo as diferenças entre estas duas fotografias, pergunto-me se não serão mais que justas as crescentes críticas que alguns, de forma pertinente, vêm fazendo ao património que é sonegado, consciente ou inconscientemente (irrelevante para o caso), ao comum dos cidadãos.
Porque se nos anos 50, o transeunte tinha oportunidade de apreciar a beleza destas arcadas do Teatro Nacional D.Maria II e do passeio público, hoje em dia esbarra com um estupidificante mono envidraçado, que a direcção daquela Casa resolveu construir, tapando definitivamente o aprazível local.

Inadmissível.
Mas verdadeiro.


(Fotografia a preto e branco do "Arquivo Fotográfico Municipal" da Câmara de Lisboa)

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Lisboa em Prosa (3)


“Lisboa chama ao compromisso. Lisboa. Soletro-te o nome e lá estás, naquele cotovelo da rua onde a rua forma uma lomba e eu digo, não é possível! e tu abres os olhos e sorris o sorriso cândido de todas as ofertas, e dançamos nesse baile antigo, indiferentes a quem nos observa, contemplando-nos, corpo no corpo, arfantes e aflantes, e dançamos na noite de uma vida inteira, e quando te penso és uma rapariga debruada de sol numa janela de flores”.


Baptista-Bastos

sexta-feira, 26 de junho de 2009

domingo, 21 de junho de 2009

Lisboa e os Poetas (14)


"Primeira canção em Lisboa"

"Em Lisboa é que nascem as gaivotas.
Que pena, meu amor, o mar não ser
um copo de água pura. De água para
a sede que em Lisboa eu vi nascer.

Em Lisboa. Capital do vento sul.
Coração do meu povo. A doer tanto
que a dor se tornou cor. E é azul
como a ganga dos homens do meu canto.

Em Lisboa a gente morre sem idade.
Devagar. Como se faz uma canção.
E há um pássaro que voa. É a saudade.
E uma janela aberta. O coração."


Joaquim Pessoa

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Há 50 anos (1)


Eu sei que passaram 50 anos…
Mas para além da natural “invasão” que os automóveis fizeram a espaços anteriormente abertos à circulação pedestre, faltam-me as palavras para classificar o que encontrei no “Chafariz da Mãe-de-Água”, passada a Praça da Alegria.
Na fotografia que tirei, tentando posicionar-me na mesma perspectiva da de 1959, mal se nota, mas o pano, a toda a largura, que lá está afixado, reza “Chafariz do Vinho”, organização comercial que, a crer no que se vê, tomou conta do local.
Inacreditável.
Vergonhoso.
Irreal.
Escabroso.

Mesmo que o milagre da transformação de água em vinho tivesse acontecido… é inadmissível que quem vela pelo nosso património nada tenha feito.
O Chafariz não pode ser propriedade privada.
E mesmo esta tem de ter decoro.
Parece que já vale tudo!


(Fotografia a preto e branco retirada do “site” do“Arquivo Fotográfico Municipal” de Lisboa)

sábado, 13 de junho de 2009

Instantâneos (14)


Quando vejo um destes anúncios, fico preocupado…

Pelo imóvel que deveria ser conservado e vai ser destruído.
Pelo projecto aprovado, quase sempre de uma envidraçada e incaracterística construção, igual em todo o mundo.
Pela alegre irresponsabilidade que parece ter tomado conta de quem deveria preservar o património.
Por Lisboa, que se vai transformando numa cidade atípica.


(Rua do Ouro)

terça-feira, 9 de junho de 2009

Lisboa e os Poetas (13)


"É varina, usa chinela,
tem movimentos de gata;
na canastra, a caravela,
no coração, a fragata.

Em vez de corvos no chaile,
gaivotas vêm pousar.
Quando o vento a leva ao baile,
baila no baile com o mar.

É de conchas o vestido,
tem algas na cabeleira,
e nas velas o latido
do motor duma traineira.

Vende sonho e maresia,
tempestades apregoa.
Seu nome próprio: Maria;
Seu apelido: Lisboa."


David Mourão-Ferreira

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Lisboa em Prosa (2)

“Presépio, anfiteatro, cais dum destino, plano inclinado por onde há séculos um povo e uma alma parecem escoar-se a caminho de outros mundos e paisagens, do pão amargo sobretudo – Lisboa é este rio imenso, este horizonte de apelos sem fim, e não se pode ter nascido aqui, vivido aqui, ou ser-lhe assimilado, sem lhe sofrer o influxo, sem ficar para sempre, marcado duma vocação, dum desgarramento e fatalismo, dum anseio de partir e tornar, duma sensual melancolia”

José Rodrigues Miguéis

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Instantâneos (13)


Rua estreita. Curta. E simples.
Lisboa “operária”, castiça, nossa.
Com ou sem obras nos estores das minúsculas varandas, malmequeres ou craveiros nas janelas abertas ao sol primaveril de uma tarde de Maio, roupa estendida, aproveitando o calor.
Cores múltiplas.
Faltam os pregões de outrora. E os operários.
Ficou o velho candeeiro, testemunha de época, e não apenas nocturna.
Lisboa antiga.
Eterna.


(Fotografia tirada perto da Rua do Poço dos Negros)

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Lisboa em Prosa (1)


Referindo-se à Lisboa de 1500:

“Era a Lisboa ardente e sequiosa, de escassos chafarizes, à beira dos quais o povo e os escravos brigavam pela vez; dos açacais com seu asno e os quatro cântaros engradados, apregoando a água pelas calçadas íngremes; e das mocinhas negras, quase nuas, que a transportavam e serviam com as airosas quartas. Era a Lisboa honrada e mosteirosa dos mesteres esquecidos – atafoneiros, regatões, gibeteiros, esparaveleiros e desses escrivães do Pelourinho Velho, que, abancados às mesas, redigiam, ao sabor dos fregueses, cartas de amor, requerimentos, versos, discursos, epitáfios - , “coisa que em parte alguma das cidades da Europa eu vi jamais”, diria o viajado Damião de Góis.
Era a Lisboa policroma dos faustosos mercadores de toda a Europa, entre os quais predominavam os elegantes florentinos, reluzente das armas cavaleiras e negrejante de hábitos monásticos; e ainda a Lisboa dos moiros – alvanéis, azulejadores e ceramistas – que nas tardes de festa bailava e ondulava aljubas alvas, ao som dos alaúdes e pandeiros”.


Jaime Cortesão

domingo, 24 de maio de 2009

Ilusões...


Voz do Povo…

Mas se eu fosse turista e lê-se estas duas mensagens, pensaria estar num paraíso ecológico onde a tranquilidade sonora reina, num “oásis” de harmonia de um deserto caótico de confusão e ruído, numa cidade que quer preservar, a todo o custo, a sua habitual paz.

Concluiria rapidamente que estava enganado.